Entrevista à TVI

Dado ter-me retirado da Lusoxadrez, por sentir que era o mínimo que poderia ter feito após ter cometido o grave erro de anunciar a minha saída do grupo e não ter resistido a voltar a escrever no mesmo, o que configura a quebra de uma promessa, aproveito a oportunidade deste espaço para expor o caso em assunto. Para situar os amigos leitores, diria que, curiosamente, o que me impeliu a quebrar a referida promessa foi exactamente a minha manifesta preocupação pelo facto de constatar que ninguém anunciava rigorosamente nada sobre locais, período de tempo, datas limite para inscrição, etc, dos Mundiais de Jovens de 2004. Esta preocupação decorria também do desejo de ver o meu filho participar naquela prova pelo direito “duplo” que o assistia: Ser Campeão Nacional do escalão (embora já não seja hoje condição sine qua non) e, principalmente, por estar colocado em primeiro lugar no seu escalão no Grupo de Alta Competição (Documento de Enquadramento da Selecção Nacional de Jovens, Março de 2004). Concedi entretanto uma entrevista à estação TVI no âmbito do facto escandaloso de estar a suportar todas as despesas inerentes aos honorários do treinador, viagens e estadia do mesmo, viagens e estadia do atleta, taxa FIDE e taxa de inscrição, para além das despesas extrordinárias naturais, num total de 4016€. Esta entrevista foi para o ar duas vezes nas duas edições do Jornal Nacional de Domingo. Conduzida por Susana Ramos da dita estação, foi-me entretanto revelado pela mesma jornalista que, após contacto com Fernando Castro da Federação Portuguesa de Xadrez, por ausência de Álvaro Costa em Itália, aquele dirigente terá afirmado que existem 14 campeões nacionais, o que não implica a sua ida para os Mundiais, e que nos outros anos os pais também pagaram as deslocações. Como reiterei perante a jornalista a minha total confiança na idoneidade e seriedade dos elementos que constituem hoje a nova Federação, e que nada do que sucedeu é da sua responsabilidade, não posso contudo deixar passar sem "contraditório" este autêntico disparate. Assim esclareço:

1. Foi o próprio Sr Luis Costa que a dada altura retirou o direito de participação no Mundial aos campeões nacionais só por obedecerem a esta condição. Por isso foi criado um sistema de pontos que conferia, aí sim, esse direito se atingissem determinado patamar. No caso do meu filho, Miguel Gomes da Silva, depressa o atingiu, o que prova que, mesmo que não fosse Campeão (e foi-o) iria sempre aos Mundiais.

2. Não há 14 campeões, mas sim 12 ( sub-8, sub-10, sub-12, sub-14, sub-16, sub-18 em masculino e feminino) no caso dos Mundiais de Heraklion nem há sub-8. Melhor dizendo, um sub-8 poderá ser sempre inscrito nos sub-10, mas quanto a um sub-20 ninguém sabe ao certo o que é, nem mesmo os organizadores do Mundial, pois nem prevêem este escalão (na minha modesta opinião um homem de 20 anos, ainda para mais agora com licenciaturas de 3 anos, portanto Sr Dr ou Sr Eng não é propriamente um garoto, para ir a Mundiais de Jovens).

3. Nenhum pai pagou até hoje qualquer despesa relativa a honorários de treinadores, viagens ou estadia dos mesmos.

4. Todos os atletas que, por direito próprio tivessem o estatuto de "invited player" (um de cada sexo e escalão) teriam o alojamento pago, bem como o do seu treinador. Englobados nesta situação estarão os elementos do grupo de Alta Competição.

5. Para a organização pagar as estadias bastaria que os atletas se inscrevessem antes da data limite. Apenas isso, tão simples como isso!

6. Os pais que por algum motivo quisessem ter os seus filhos como "extra players" apenas teriam que dispender os custos das passagens e de uma estadia simbólica (ao que eu confirmei nem pagaram nada disso, à excepção do pai de Ana Meireles que, segundo consta, tudo fez para pagar o que deveria pagar - não sei se chegaram a aceitar o seu pagamento).

7. Não compete à nova Federação (nem por questões caridosas) proferir inverdades só pelo facto da anterior Federação ter cometido tão graves erros. Compreende-se a solidariedade cristã, mas há factos que não podem ser escamoteados, sobretudo quando lesam de sobremaneira terceiros. No meu caso estou lesado, pelo menos, na quantia de 1.416,00€.
A questão mais grave que aqui se põe é mesmo o silêncio incrível a que a anterior Federação se remeteu sobre as datas para a inscrição, exactamente por prever que não iria ter um tostão para mais deslocações. Aqui só lhe era exigido que explicasse o sucedido, revelando no entanto as datas limites de inscrição para quem estivesse interessado em custear as despesas (lembra-se que, reunindo 3, 4, ou 5 atletas, tudo ficaria mais em conta para todos os pais envolvidos ). Assim, nunca viria a suceder este escândalo: desembolsei 1.416,00€ pela estadia das duas pessoas apenas porque foram inscritas um mês depois da data limite. Pelo menos o reembolso decorrente do atraso da inscrição devia ser pago do bolso do Sr Luis Costa, se tivesse vergonha na cara!
O que chamamos a isto, incúria, incompetência, má fé, ou todas juntas? Penso que todas juntas.

Noutro "post" da Lusoxadrez li qualquer coisa como isto, para reflexão: "E aqueles cujos pais não têm hipótese de pagar?" É verdade! Para que o Miguel fosse à Grécia tive que recorrer a instituições de crédito e a patrocínios, tudo isto porque durante anos a Federação levava vice-presidentes, secretários, papás e mamãs em alegres excursões e agora acabou-se o dinheiro. Só me entristece lembrar que o Sr Luis Costa me negou este facto vindo eu mais tarde a saber que na verdade essas excursões foram mesmo pagas pela Instituição a que presidia. Mentiu portanto mais uma vez o Sr Luis Costa!

Repito aqui a minha convicta esperança de uma nova era do Xadrez Nacional pela confiança que me merece esta nova equipa e deixo desde já aqui os desejos das maiores felicidades no árduo trabalho que se avizinha.