Belfort do nosso descontentamento

Estamos apenas a uma Ronda do fim do Campeonato do Mundo de Jovens em Belfort, França, com a presença de uma Selecção Portuguesa constituída por alguns miúdos pagos pelos contribuintes na totalidade das despesas, outros em parte, e outros totalmente a expensas próprias. Dado que apenas dois sites portugueses estão a fornecer dados e comentários sobre o evento, um de uma Associação, com o legítimo realce para os seus associados e outro... cómico, a avaliar pelos hilariantes comentários, como se os portugueses estivessem a fazer um campeonato entre si, na óptica do pseudo-comentador. Talvez seja altura, por isso, de apresentar um quadro sobre o comportamento real dos nossos jovens e tirar daí as ilações julgadas convenientes:



Nome, Escalão, ELO, Posição Inicial, Posição Actual, Variação no ELO

João Guerra e Costa Sub-18 2258 53 84 -20
Ariana Pintor Sub-18 2081 32 38 -6
Rafael Teixeira Sub-16 2076 82 98 -1
Ricardo Sousa Sub-16 1939 104 140 -10
Ana Baptista Sub-16 2025 26 25 -3
Ana Libório Sub-16 - 67 88 -
Ruben Pereira Sub-14 2239 20 31 -14
Miguel Silva Sub-14 1958 67 94 -2
César Rodrigues Sub-12 1772 44 85 0
Paula Pereira Sub-12 - 48 83 -
Nuno Afonso Sub-10 - 21 115 -
Ana Margarida Rato Sub-10 - 71 57 -


Como se pode verificar, a participação dos jovens portugueses é manifestamente sofrível, se não medíocre, à excepção de ANA RATO, atendendo não só à experiência de alguns "decanos" do xadrez jovem como também aos dados inquestionáveis correspondentes a fórmulas matemáticas aperfeiçoadas ao longo dos anos para que se tenha uma noção exacta do comportamento de um xadrezista numa prova. Após estes dados (fornecidos pela organização e disponíveis na net) questiono quem me possa elucidar:

- Durante quanto tempo de antecedência e com que carga horária foi efectuado o Estágio de Preparação para este Mundial?

- Porque é que os jogadores com treinadores não sobressaiem minimamente em relação aos que os não têm?

-Porque é que o empenhamento na competição se verifica mais nas camadas mais "infantis" e menos nas "adolescentes"?

- Quem deu e quando foram dados a estes jovens conceitos sobre prestígio nacional, representação oficial de um país, sentido de responsabilidade?

-Porque é que não se participa em Campeonatos Europeus de Júniores em vez de Mundiais, dado que as filosofias dos países participantes nos primeiros são mais idêndicas às nossas (mais "popcorns" no cinema, mais "McDonalds", mais "Strawberrys with Sugar"...) e por isso os resultados francamente mais prestigiantes para Portugal?

-Porque é que sempre que os participantes dos outros países num Mundial, sempre carrregados de "pins", "autocolantes" e outros objectos com a bandeira dos países que representam, quando os oferecem aos portugueses estes dizem "thank you" sem nada para dar?


Em todas as perguntas formuladas não responsabilizo minimamente o demissionário Presidente da FPX, Álvaro Costa, que já muito fez pelo Xadrez Nacional (como não o responsabilizei por altura do escândalo do critério de desempate de rapidinhas utilizado nos Nacionais de Jovens de 2005, por tal disparate ter sido introduzido por outra pessoa, francamente ignorante, noutra época, e Álvaro Costa não ter tido tempo de alterar tal anormalidade).


Haveria muitas mais perguntas e terei todo o gosto em as formular,mas já ficaria satisfeito com algumas respostas a estas

José Gomes da Silva

4 Comentários:

Às 28 de julho de 2005 às 12:41 , Blogger António Vítor disse...

Sobre este artigo posso falar um pouco daquilo que sei.

Trabalhei durante um curto espaço de tempo com o Miguel Silva, e passo a relatar 2 exemplos:

- O nosso trabalho em conjunto (para além dos torneios e o tempo na secção) era de duas horas por semana na sua casa pagas pelo seu pai. É claro que não é suficiente, por isso era necessário complementar estas duas horas semanais com um trabalho individual. Seleccionei então algum material e fiz um plano de estudos semanal.
No entanto este plano nunca foi cumprido pelo Miguel. Simplesmente este trabalho de casa nunca foi realizado.

- Mais de um ano depois (neste altura apenas acompanhava o Miguel como director dos peões) depois de termos jogado uma partida num torneio de semirápidas, fiz questão de analisar a partida com ele, o Miguel por sua vez não parecia minimamente interessado naquilo que eu estava a dizer, virando a cara para o lado várias vezes enquanto eu tentava mostrar o meu ponto de vista sobre o plano de jogo.

É necessário um trabalho muito sério para se sobressair a nível internacional, o que reconheço que não existem muitas condições em Portugal para o desenvolvimento deste trabalho, excepto a custas próprias e com uma atitude que o Miguel com apenas 12 anos na altura não conseguiu ter.

Tenho a consciência que estas críticas são duras, mas são a minha tentativa de contributo para a futura evolução do Miguel, o qual na minha opinião tem muito potencial.

O Miguel Revela uma compreensão geral do jogo muito acima da média para a sua idade (talento), mas o seu domínio das posições típicas (trabalho) é normal para o nível português.

Quer desde já enviar um abraço ao Zé Manel, e dizer que tentei fazer este comentário do ponto de vista construtivo.

 
Às 28 de julho de 2005 às 16:09 , Blogger José Gomes da Silva disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
Às 15 de fevereiro de 2007 às 02:50 , Anonymous Anónimo disse...

That's a great story. Waiting for more. » »

 
Às 23 de abril de 2007 às 16:59 , Anonymous Anónimo disse...

Excellent, love it! » »

 

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