Walter Tarira Medalhado

É verdade! Aconteceu em Faro.

Verão de 1999.
Torneio de lentas em Faro organizado pelo Armando Lopes.

Os jogos são na Universidade e os jogadores ficam alojados na Residência de estudantes.
Os quartos eram para duas pessoas em geral eles juntavam os jogadores do mesmo clube. Estava-se mesmo a ver com quem é que me ia sair na rifa: Walter Tarira.
Um belo dia, já lá p'ró fim do torneio, chego eu ao quarto, eram umas 8 da manhã, acabadinho de vir de Albufeira e a porta está trancada.
“Muito estranho” – Pensei eu. Nós só trancávamos a porta quando não estávamos no quarto e àquela hora era demasiado tarde para o Walter ainda estar de pé e demasiado cedo para já se ter levantado.
Truz, truz, … truz, truz, bati uma data de tempo à porta e lá veio o Walter abrir:
- O que é tu queres? Ainda tens a lata de aparecer aqui? Vai-te embora …
- Hã?? – apesar de estar a meio metro da porta ainda olhei à volta para garantir que não havia ali mais ninguém e que era mesmo comigo que o Walter estava a falar.
– Mas, senhor Walter, eu estou aqui alojado, o quarto é de nós os dois…
Após alguma discussão, o Walter lá me deixou entrar no meu quarto. Mas sempre a protestar.
- Se isto se faz? Eu já não tenho idade para estas brincadeiras …
Por momentos pensei que ele estivesse zangado por eu não lhe ter dito que na noite anterior ia sair para Albufeira. Mas afinal de contas, eu ir sair à noite, com pessoal do xadrez, para Albufeira ou para Faro, que diferença é que lhe havia de fazer? E entre chegar ao quarto às 5 ou às 8 da manhã o que é que ele tinha a ver com isso? Seguramente não era essa a razão do seu mau humor.
Os protestos continuaram por mais uma data de tempo.

Eu estava meio zonzo do cansaço. Tinha aquele conhecido “ piiiiiiiiiiiiiiii….” nos ouvidos, típico de quem passa muitas horas a ouvir musica aos altos berros, e ao mesmo tempo o Walter a protestar constantemente comigo.
Sinta-me completamente perdido no meio daquela bagunça e sem perceber porquê é que estava sentado no banco dos réus e nem do que é que estava a ser acusado.
Uns 20 minutos depois de eu ter chegado ao quarto entra o Rui Dâmaso, vindo não sei da onde, não da cama certamente:
- Então Walter, gostou do presente? Acordou bem disposto?
- Porra, nem me digas nada, já não há respeito pelos velhos…
- Walter, foi a brincar, continuamos amigos não é?
- Sim Dâmaso, claro que eu continuo teu amigo! Agora, daquele gajo é que não! – diz o Walter apontar para mim.
- Ó Walter não leve a mal. Foi uma brincadeira com amizade.
- Sim, não te preocupes, nós continuamos amigos. Eu não quero é ver mais aquele gajo à frente – novamente a apontar para mim – Se isto se faz. Apanha aqui o velho a dormir e mete-me uma medalha na testa!

Então finalmente fez-se luz na minha cabeça:
O Dâmaso entrou no nosso quarto, palmou uma medalha que eu tinha ganho uns dias antes e meteu-a na testa do Walter. E foi-se embora. Ao sair, bateu com a porta e o Walter acordou em grande sobressalto ao ver-se atacado por aquela medalha. Passados uns minutos chego eu ao quarto! E o resto da história é o que eu contei.

No fim das contas o Walter ficou todo danado na vida, o Dâmaso fez a festa e eu é que fiquei com as culpas.

Na altura não achei piada nenhuma a este episódio, agora, também ele me faz recordar o Walter com saudade.

1 Comentários:

Às 13 de julho de 2009 às 16:48 , Blogger Rini Luyks disse...

A história da medalha é boa e absolutamente credível!

 

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