O Xadrez na 1ª Companhia

Eram exactamente 17h12 de segunda-feira, dia 26 de Setembro, quando liguei a televisão com o controlo remoto, enquanto me debatia desesperadamente com o servidor do meu blogue "o furão indiscreto" porque não conseguia lá colocar a fotografia de um porco.Como este televisor liga no canal onde foi pela última vez desligado, e como porventura o meu filho teria estado a ver as miúdas dos Morangos com Açúcar, eis que me aparece a TVI, aquele canal da Igreja Católica. Esperem, parece que já não é, ou nunca chegou a ser. Mas continuemos, para não perder o fio à meada. Espreitando pelo canto do olho vi um grupo de pessoas (ou afins) fardados com uniformes esquisitos atrás de uma mesinha de sala. Não deu para perceber pormenores, pois o raio do porco dispersava-me a atenção e consumia-me a paciência. Feito finalmente o “upload” do suíno, já deu para olhar melhor para o programa. Tratava-se de “A 1ª Companhia”. Tenho ouvido falar no cariz de mais este lixo e confesso nunca ter visto nenhum, mas por depoimentos de amigos e por artigos que li no Expresso e noutros órgãos da imprensa escrita, trata-se de um programa em que a Instituição Militar é gozada e humilhada com a participação de militares há bem pouco tempo no activo (um dos Oficiais já foi um exímio atirador de pistola contra o qual competi, perdendo sempre, quando era praticante federado desta modalidade). Sei que há para lá um outro Oficial, e parece que ainda há mais ex-militares. Para além disso, julgo que a maioria dos restantes participantes pertencem àquela repugnante estirpe de seres que já terão participado noutras aberrações, como o Big Brother ou a Quinta das Celebridades. Poderão criticar-me por estar a falar do que não conheço, pois nunca vi nenhum destes programas nem tenciono fazê-lo. Ainda por cima a essa hora está a dar na RTP1 um concurso que não perco por adorar jogar Trivial Pursuit. Portanto, após estes breves momentos, a minha primeira reacção foi mudar de canal. Eis, porém, quando reparo que, sobre a mesinha que referi no início, estava um tabuleiro de xadrez! Claro que a produção de um programa de televisão é livre de colocar os adereços que quiser num cenário, desde Nossas Senhoras de Fátima fosforescentes a posters do Michael Jackson, desde Jarrões com o emblema do Benfica a loiça das Caldas da Rainha. Mas um tabuleiro de xadrez?! Terão os produtores daquela porcaria a noção do que é o xadrez? Saberão porventura que, para o desempenho desta actividade é necessária a utilização do único órgão do corpo humano que está manifestamente ausente nos intervenientes daquele programa? Será necessário um abaixo-assinado para requerer a retirada do tabuleiro daquele sítio? Deixo isso aos mais dedicados amantes da modalidade. Pela minha parte, apenas faço parte da direcção de um pequeno clube de xadrez e apenas sei como “empurrar” as peças.
Este “post” já foi publicado, com pequeníssimas alterações no blogue referido, mas dado tratar-se de um tema mais em consonância com a especificidade deste, e dado que a decisão de escrever este "post" decorre essencialmente do respeito que me merece a comunidade xadrezística, achei por bem repeti-lo aqui.

2 Comentários:

Às 28 de setembro de 2005 às 19:01 , Anonymous Anónimo disse...

Concordo plenamente com as suas palavras, pois, para além do referido programa ser um autêntico ultrage à instituição militar, o xadrez neste país sempre foi visto como decorativo, basta ver um pouco de publicidade a bancos ou cervejas em outdors por este país fora, para nos apercebermos do papel do xadrez nesta república das bananas. Segundo a anfitriã deste lixo televisivo, onde se se for um homem normal, com educação e cumpridor das regras militares se é expulso logo na primeira semana, ficando para o fim os que abandalham a instituição e desprovidos dos verdadeiros valores de disciplina, amizade e espiríto de corpo, é esta a cultura da mediocridade reinante! A colocação do jogo de xadrez na sala, teria como objectivo a simulação da guerra e seria para os concorrentes nas suas horas livres jogarem, o que se me afigura de absolutamente ridículo e improvável, tendo em conta as fracas mentalidades dos concorrentes que participam neste big show lixo que como muitos outros invade as nossas televisões. Mas outra manifestação de estupidificação nacional, é o actual sucesso do jogo Su-Doku (soletrado por alguns pseudo-apresentadores como Su-Dó-Ku), é mais uma moda americana que como tantas outras invadiu o nosso país, totalmente inoperante de personalidade própria. Segundo as livrarias tem sido um enorme sucesso (pudera eles querem é vender!) e consiste num género de palavras cruzadas, mas com números com uma regra lógica da não repetição dos mesmos nas mesmas colunas, horizontais ou quadrados. Tudo isto começou, pasme-se! porque as pessoas sem nada que fazer na praia no verão sentiam uma necessidade imperiosa de exercitar o cérebro! Mas, desde logo pensei com os meus botões, porque raio é que este pessoal, em vez de andarem a gastar dinheiro estupidamente em resmas de livros, não compram uma enciclopédia de exercícios de táctica em xadrez que lhes dá para o ano todo? Ao observar melhor este jogo, que atenção não tenho nada contra, apesar de achar que é um exagero que se compare ao cubo de Rubik, dado que é um jogo que me faz lembrar os jogos de computador, pode demorar a chegar ao fim, mas assim que lá se chega, o lixo é o caminho mais provável e é um jogo que é de pura lógica e nem sequer se tem de "pensar" realmente para o jogar. Se utilizarmos a lógica para verificar os números que faltam em cada coluna, horizontal e quadrado, basta-nos procurar os pontos fracos e quando por dedução lógica os números começarem a cair que nem ginjas, o jogo está acabado e logo se tem de ir a correr à livraria mais próxima comprar outro livro! Será isto exercitar os neurónios para o português comum? Aos puzzles mais difíceis até chamam, de Samurais!Nenhum jogo se compara ao xadrez! Mas em Portugal, com a anti-cultura ou cultura da mediocridade a grassar em todo o lado, dificilmente veremos algum concorrente sentar-se ao serão e fazer alguns lances naquele tabuleiro, e muito menos discutir xadrez ou ter alguma conversa interessante, para concorrentes deste calibre só mesmo entreterem-se a jogar ao Su-Dó-Ku.

 
Às 5 de fevereiro de 2007 às 08:35 , Anonymous Anónimo disse...

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